sábado, 20 de fevereiro de 2010

A Sociedade Familista

A Sociedade Familista

A Crise da democracia e a sociedade do futuro



Prof. Leornes Ferreira

Jornalista-escritor e psicopedagogo



Desde a utopia do Paraíso Perdido, no Éden bíblico, a humanidade sonha com a sociedade ideal: verdadeira, justa, culta, pacífica e próspera. Na antiguidade arcaica o mito das sociedades comunitárias tribais constituiu o ideal social. Na antiguidade helênica, o mito da Idade do Ouro, o mito de Atlântida, a República de Platão, a Democracia ateniense, a Sociedade Espartana e a Sociedade Romana constituíram o ideal social dos Antigos. Veio a Idade Média, e o sonho continuou: a Sociedade Cristã Primitiva, A Cidade de Deus, de Santo Agostinho, a Terra do Prestes João, a Sociedade Feudal Cristã, de Tomás de Aquino, a Cidade do Sol, de Campanela, a Utopia de Thomas More, e a Nova Atlântida, de Bacon. Na Idade Moderna, a Sociedade Científico-mecanicista, de Descartes a Rousseau, e a Sociedade Evangélica de Lutero, Wicliff e Calvino, constituíram o ideal social da época. Na Idade Contemporânea, a República Democrática Francesa e a Democracia Cristã Norte-americana tornaram-se os modelos sociais da humanidade. Surgiu então Karl Marx, e com base no ideal social da República Francesa e nas idéias ateístas e materialistas francesas, inglesas e alemãs, construiu uma nova ideologia (o marxismo) e um novo ideal social, a Sociedade Comunista Atéia, com o propósito explícito de extirpar da Terra o modelo social Democrata Cristão, a sociedade industrial liberal. Assim, o século XX viu o mundo dividir-se em dois blocos antagônicos, presenciou a guerra ideológica, as guerrilhas e a guerra fria da espionagem. O marxismo e o comunismo conquistaram 35 países e metade da humanidade; tornaram-se um império mundial, e pareciam próximos da conquista do mundo. Subitamente, porém, o império comunista desabou, arrastando com ele a credibilidade e o prestígio da ideologia marxista. Paralelamente ao avanço do marxismo-comunismo, os pensadores Deusistas desenvolviam novas teorias científicas, econômicas, políticas e sociais.

Atento ao desenvolvimento do pensamento e da sociedade humana, percebi que as novas teorias científicas e sociais do século XX constituíam os pilares teóricos de uma nova ideologia e de um novo modelo social: a Sociedade Familista, uma sociedade pós-comunista, pós-democrática, pós-industrial e pós-capitalista. Os fenômenos sociais atuais representam o fim dos totalitarismos e das democracias permissivas (ambos materialistas, de origem helênico-pagã), e o alvorecer da Sociedade Familista inspirada e derivada da ideologia Deusista, centrada na família e estruturada segundo a ética familiar. A sociedade Família (o Estado-família) não será baseado no permissivismo nem no totalitarismo, mas no responsabilismo (liberdade com responsabilidade). As relações familiares serão o modelo para todas as relacões sociais. A Sociedade Familista já está em plena construção na Terra, e reunirá os mais nobres sentimentos humanos, o mais alto nível de ciência, tecnologia, naturalismo e arte, ao mais alto padrão de fé, espiritualidade, pacifismo e moralidade da história humana. A Sociedade Familista representará a concretização de todos os ideais sociais da história humana, especialmente, o ideal social dos religiosos — O Reino de Deus na Terra — e a confirmação da previsão mística de Einstein: “A sociedade do século XXI será religiosa, ou não será nada.”

Em sua teoria do conflito intrapsíquico Freud propôs que a mente humana estava dividida entre duas tendências antagônicas — Id e Superego —, e que esse era o estado natural e eterno do homem. É certo que a natureza humana está dividida e conflitada, mas esse não é o estado original do homem. O conflito intrapsíquico resultou de um desvio ocorrido nos primórdios da civilização, a ruptura original estudada nos mitos de ruptura. E mais: que a divisão existente não é psíquica, entre Id e Superego, mas entre espírito/corpo e bem/mal; e que a natureza humana original é essencialmente boa. Prova disso é a luta histórica e universal da humanidade para eliminar o mal e construir uma sociedade justa, culta e pacífica. Esse ideal social comum da humanidade jamais foi realizado. Outra prova da dicotomia: o pensamento humano está dividido em duas correntes opostas e excludentes. E, provando a natureza antinatural do mal, até mesmo o materialismo foi constrangido a fornecer uma explicação para sua origem. No cristianismo: o pecado original; no marxismo: a teoria da propriedade original; no freudismo: o parricídio original; na psicologia transpessoal, o parto traumático original, entre outras hipótese aventadas pelos mitos de ruptura.

A humanidade está dividida em dois grupos caracterizados por idéias e ações opostas (materialismo-Deusismo; espada x arado). Assírios e caldeus Mesopotâmia), atenienses e espartanos, romanos e bárbaros (antiguidade), cristãos e pagãos (Idade Média), religiosos e cientistas (Renascença), monarquistas e iluministas (França), nazistas e democratas, comunistas e democratas (século XX).

Ao longo da história as duas correntes de pensamento tiveram seus expoentes intelectuais. Os pensadores materialistas (Caim), representados por Comte e Marx, saíram na frente, e sistematizaram uma teoria sociológica “científica” completa: a sociologia do conflito (mecanicista/materialista). Com base na ciência do século XIX, a sociologia mecanicista/materialista negou a Deus e aos valores espirituais, morais e éticos, predominando no mundo. O caos social e a decadência do mundo atual é a prova cabal de seu fracasso.

Por sua vez, os pensadores religiosos (Abel), representados por Weber e De Maestri, não dispondo ainda de uma teoria sociológica científica (organísmica/Deusista), continuaram defendendo a “sociologia” cristã agostiniana, fundamentada na Bíblia e na filosofia cristã. No ´seculo XXI precisamos retomar as verdades essencias da “sociologia” Deusista do passado, atualizando-as com base na nova ciência do século XX e XXI — organísmica, sistêmica, holística e bidimensional — sistematizando uma nova teoria sociológica organísmica/Deusista completa. Não importa se o materialismo, a sociologia mecanicista e a sociedade industrial e permissiva naufragaram. Os pensadores Deusistas já possuem um novo ideal social e uma nova ideologia e um novo ideal social: o Deusismo, e o Familismo, a Sociedade Familista. AS história das sociedades conflitadas e dividida está chegando ao fim. A Sociedade Familista é o sonho histórico de Deus (registrado pelas religiões do mundo) e da humanidade, registrado nas páginas das história do homem, e este sociedade dos sonhos já está emergindo sobre toda a Terra. E qualquer pessoa pode vê-la. Basta olhar com atenção para os novos horizontes teóricos e sociais que a história nos aponta.

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