quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

II Salão Nacional seleciona 145 Boas Práticas Territoriais

A Comissão Organizadora do II Salão Nacional dos Territórios Rurais divulgou, no último dia 7, as 145 Boas Práticas Territoriais que estarão no encontro que reunirá iniciativas de apoio a agricultura familiar e ao desenvolvimento sustentável do meio rural brasileiro, entre 22 e 25 de março, em Brasília (DF). Dentre as iniciativas contempladas na seleção, 74,5% estão vinculadas a 108 Territórios Rurais apoiados pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA).

Desde a abertura das inscrições, em outubro do ano passado, foram inscritas 394 experiências de 157 Territórios Rurais. Todos os estados, mais o Distrito Federal, enviaram suas boas práticas. “O resultado foi positivo, pois demonstrou entusiasmo dos atores sociais dos territórios em dar visibilidade às suas ações”, avaliou Berenice Silva, membro da Comissão Organizadora do II Salão.

Na primeira edição do evento, em 2006, 90 Boas Práticas Territoriais foram apresentadas. “Esse número também foi considerado alto, pois foi durante a fase inicial da estratégia de desenvolvimento territorial no Brasil”, afirmou Berenice Silva.

A escolha das boas práticas para esta segunda edição foi feita por 27 especialistas em desenvolvimento rural convidados para compor a Comissão de Seleção, que avaliaram as experiências realizadas nas áreas de Fortalecimento da Gestão Social, e das Redes Sociais de Cooperação, Dinamização Econômica, Articulação de Políticas Públicas, Sustentabilidade Ambiental, Comunicação e Informação, Cultura e Identidade e Segurança Alimentar.

O secretário da SDT/MDA, Humberto Oliveira, destacou o papel desempenhado pelos especialistas, “que conduziram de forma transparente o processo seletivo, buscando experiências que pudessem ser aplicadas em outros territórios visando o desenvolvimento sustentável no Brasil Rural”.

Para valorizar as propostas apresentadas pelos territórios, a Comissão do II Salão definiu que, além das 145 Boas Práticas Territoriais escolhidas para se apresentar no II Salão, as outras 249 experiências territoriais inscritas e que não atenderam ao conjunto de critérios estabelecidos na Chamada Pública também vão ganhar visibilidade no evento.

“Se elas foram definidas pelo público dos territórios, certamente existe uma prática inovadora e nós queremos publicar todas”, garantiu Oliveira. De acordo com ele, todas elas serão organizadas em um catálogo de Boas Práticas Territoriais que será disponibilizado no II Salão e servirá de divulgação para a ação de governo em futuros eventos nacionais e internacionais.

Fonte: http://www.mda.gov.br/portal/index/show/index/cod/134/codInterno/23162#

sábado, 9 de janeiro de 2010

Não Desperdice mais um Ano de sua Vida!

Hermes C. Fernandes




Como administrar algo sobre o qual não temos qualquer controle?


Se você sabe, por exemplo, o quanto vai ganhar no final do mês, você pode fazer um planejamento de gastos, para não se individar, nem ter dificuldades para pagar suas contas. Mas quanto ao tempo, como administrá-lo? Se ao menos soubéssemos quanto tempo ainda nos resta!


É justamente por saber que o futuro é imprevisível, que devemos administrar da melhor maneira o tempo presente.


Do passado, a gente adquire experiência. Do futuro, a gente nutre expectativas. E do presente a gente busca tirar o melhor proveito, para que não tenhamos do que nos arrepender amanhã.


* O Passado


O passado deve ser considerado como um professor, cujas lições devem ser aprendidas e utilizadas no presente e no futuro. Porém, não há como reviver ou recuperar o tempo perdido.
Há algo no passado que deve ser esquecido, deixado para trás. Não devemos, por exemplo, permitir que nossos fracassos passados nos impeçam de tentar novamente. Nem viver reféns da saudade de sucessos passados.


Porém, aprende-se muito, tanto com os acertos, quanto com os erros. Suas lições devem ser constantemente relembradas e aplicadas para se evitar fracassos futuros.
O sábio Salomão nos adverte:


“Não digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Pois nunca com sabedoria isto perguntarias”.
Eclesiastes 7:10


O saudosismo nos prende a um passado impossível de se reviver. Já a culpa nos prende a um passado impossível de se consertar. Temos que adotar a mesma postura de Paulo ao dizer: “Mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo”(Fp.3:13b-14a).


Se quisermos avançar rumo a um futuro promissor, temos que ser alunos do passado, mas jamais seu refém.


* O Futuro


Nossa relação com o futuro deve ser de planejamento e expectativa. Porém, deve-se ter cuidado para que nosso planejamento não se torne em presunção, e nossa expectativa não se torne em ansiedade. Tiago nos deixa uma importante advertência:


“E agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos e ganharemos. Ora, não sabeis o que acontecerá amanhã. O que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece. Em lugar disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Tiago 4:13-15


Portanto, todos os nossos planos devem ser submetidos ao crivo do Senhor. Temos o direito de planejar e de nos preparar para o que virá. Mas não podemos ser presunçosos. “Ao homem pertecem os planos do coração, mas do Senhor procede a resposta da língua” (Pv.16:1). “O coração do homem propõe o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos” (Pv.16:9).
É a vontade de Deus que deve sempre prevalecer em nossas vidas.


Antes de executarmos qualquer plano, por melhor que seja, devemos consultar ao Senhor, buscando descobrir o que Lhe é agradável (Ef.5:10).


Alguém já disse que “quem falha em planejar, está planejando falhar”.


Não se pode brincar com o futuro. Pois antes que a gente perceba, ele se torna presente...e, finalmente, passado. Por isso, é melhor planejar, do que sacrificar o que jamais poderemos reaver.


Se Deus fosse contrário ao planejamento, as Escrituras não diriam: “Confia ao Senhor as tuas obras, e os teus planos serão estabelecidos” (Pv.16:3).


Assim como planejamento pode tornar-se presunção, se não o submetermos a Deus, nossas expectativas quanto ao futuro podem tornar-se ansiedade.


Todo ansioso deseja que as coisas ocorram antes do tempo deter-minado. A expectativa é gerada pela certeza de um futuro melhor. A ansiedade é filha das incertezas.


Jesus disse:


“Qual de vós poderá, com as suas preocupações, acrescentar uma única hora ao curso da sua vida? (...) Portanto, não andeis ansiosos pelo dia de amanhã”. Mateus 6:27,34a


A cura para a ansiedade é a fé. É pela fé que sabemos que “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ecl.3:1). Portanto, não adianta tentar apressar as coisas. No tempo certo determinado por Deus, elas acontecerão.


Pedro declara em sua epístola:


“Humilhai-vos, portanto, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte. Lançai sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”. 1 Pedro 5:6-7


Assim como há um tempo para a humilhar-nos perante Deus, há o tempo de sermos exaltados por Ele.


* Vivendo o Hoje


O salmista afirma: “Todos os dias que foram ordenados para mim, no teu livro foram escritos quando nenhum deles havia ainda” (Sl.139:16b). O Senhor conhece o futuro tão bem quanto o presente e o passado. Nossos dias já foram previamente ordenados.


Porém, isso não significa que devemos viver pródiga e irresponsavelmente. Lembremo-nos que “Deus pede conta do que passou” (Ec.3:15b).


Assim como fazemos com os recursos financeiros, devemos “contabilizar” o tempo. Deveríamos fazer a mesma oração do salmista: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl.90:12). Neste texto “contar” significa “contabilizar” ou “administrar”. Portanto, temos que aprender a administrar nossos dias, a fim de que nos tornemos sábios.


O tempo não nos foi dado para ser gasto, mas para ser aproveitado. Tempo gasto é tempo disperdiçado com atividades infrutíferas ou danosas. Tempo aproveitado é aquele em que usamos cada oportunidade para fazer o bem.


“E não nos cansemos de fazer o bem, pois a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé”. Gálatas 6:9-10


É triste olhar para trás, e verificar o quanto tempo já disperdiçamos.


Quando jovens, achamos que temos todo o tempo do mundo, e por isso, não nos preocupamos e aproveitá-lo bem.


Observe o conselho que a Bíblia dá aos mais jovens:


“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento”.
Eclesiastes 12:1


Quando menos esperamos, a velhice chega, e nosso tempo neste mundo se abrevia.


Infelizmente, muitos parecem estar dormindo, e com isso, estão “matando” o tempo. Para esses, vale a recomendação de Paulo: “E fazei isto, conhecendo o tempo. Já é hora de despertarmos do sono” (Rm.13:11a).


Quem mata o tempo, pode estar ferindo a eternidade.


Em outras palavras, a maneira como gastamos nosso tempo, vai determinar o galardão que receberemos na eternidade.


Afinal, “todos devemos comparecer perante o tribunal de Crsito, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co.5:10).


“Portanto” recomenda o apóstolo, “vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo” (Ef.5:15-16a).

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Moeda – Uma viagem no tempo

Os avanços tecnológicos provocaram mudanças nas formas de pagamento e a moeda metálica evoluiu para a moeda virtual. Este artigo busca analisar e organizar os fatos que caracterizaram essa evolução e provocar a imaginação do leitor a prever novas formas possíveis de usufruir, através do poder de compra, de todas as conquistas do homem moderno, minimizando riscos, economizando tempo e otimizando recursos.



A origem da moeda

Antes de surgir a moeda, as transações comerciais eram realizadas através de um sistema chamado de escambo, que consistia na troca de um produto por outro. O depósito de alguns bens para atender as necessidades das sociedades primitivas, no caso, animais (bois, cavalos, porcos, etc.), vegetais (tabaco, arroz, etc.) e minerais (sal, conchas, etc.) fez surgir a mercadoria moeda como intermediária nas trocas. O elemento comum desses bens era a sua capacidade, em determinados momentos e lugares, de ser aceito como meio de pagamento.

Da mercadoria moeda evoluímos para a moeda metálica. Porém, o crescimento da quantidade de moedas metálicas em circulação acabou dificultando o manuseio e sua transferência entre os comerciantes.

Além disso, a utilização de metais como o ouro gerava a necessidade de verificar o teor do metal utilizado, em operações bastante demoradas. Para facilitar essas operações, os ourives passaram a depositar o dinheiro em bancos, recebendo certificados de depósitos, com a promessa de devolução, ao portador, da quantia entregue. Surgiu então a moeda papel e, com ela, o sistema de câmbio fixo que teve como base de troca o ouro. Esse padrão-ouro vigorou por mais de um século. Após a Segunda Guerra Mundial, passou a vigorar o padrão-dólar. Esse sistema perdeu sua estabilidade em 1973 em função de ondas especulativas contra o dólar dos Estados Unidos e da crise do petróleo. Atualmente, o lastro da moeda é definido por reservas e outras variáveis que determinam o seu real poder aquisitivo.



Sistema de Pagamentos

O sistema de pagamentos compreende o conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e sistemas operacionais integrados, usados para transferir fundos do pagador para o recebedor e, com isso, encerrar uma obrigação de pagamento, interligando, dessa maneira, o setor real da economia com as instituições financeiras e o Banco Central. É um potencial propagador de risco sistêmico e, quando não devidamente desenhado, impede que este seja controlado e compartilhado de forma eficaz.

Ao observarmos a evolução do sistema de pagamentos, podemos entender melhor as funções da moeda e as formas que ela tem tomado com o passar do tempo. Os ativos de papel, como cheques e dinheiro, começaram a ser usados no sistema de pagamentos e passaram a ser vistos como moeda. Saber para onde o sistema de pagamentos está indo tem importância para entender como a moeda será definida no futuro. O Brasil promoveu, em 2002, a maior mudança no sistema dos últimos 20 anos. Na ocasião, definiu o papel do Banco Central, adotou base legal e regulamentar adequada e implementou o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro que permitiu a observância às recomendações e boas práticas internacionais. Essa mudança possibilitou a manutenção da estabilidade do sistema financeiro com a mínima utilização de recursos públicos, oferecendo ao cidadão brasileiro um sistema mais seguro, eficiente e barato.



Formas atuais de pagamentos

Os avanços tecnológicos ampliaram exponencialmente as possibilidades de efetuar o pagamento para comprar mercadorias e serviços. Alguns exemplos: • A “carteira virtual” já é uma realidade no Japão, com mais de 50 milhões de usuários. Nos EUA, são 9 milhões os que utilizam o sistema. O Edy, nome desse novo serviço, armazena os cartões de débito e de crédito em um chip integrado ao celular. O Japão já pavimentou o caminho para esse ser o padrão de pagamento no futuro, de acordo com relato da agência Reuters.

Até 2013, espera-se que 700 milhões de pessoas no mundo tenham abandonado a carteira de bolso e estejam utilizando esse “dinheiro-celular”.

• O USAA , banco privado e companhia de seguros dos EUA, permite que seus clientes fotografem os dois lados de um cheque para depositá-lo usando o seu iPhone. Apertado o botão de enviar, o depósito é feito normalmente e o usuário nem tem que enviar o cheque pelo correio. Como tudo será processado eletronicamente, o banco sugere que os clientes simplesmente rasurem o cheque antes de arquivar ou descartar.

• No mundo virtual e nas redes sociais conectadas aos computadores, estão sendo criadas moedas que permitem comprar e vender bens virtuais. São alguns exemplos o Project Entropia Dollar (PED) do Planet Calypso, um mundo de jogos em tempo real chamado Universo Entropia, ou o Second Life, uma das maiores economias virtuais dos Estados Unidos, cujo volume de transações deve crescer 39% em 2009 e chegar a US$ 500 milhões, desempenho bem melhor do que o da economia real.

• O pagamento antecipado é uma modalidade que cresce e diminui os riscos das partes envolvidas, podendo ser utilizado para comprar música, vídeos, jogos, créditos de telefonia e, em algumas circunstâncias, energia e gás. Com o cartão podemos evitar situações de inadimplência e risco de crédito.



Além das soluções tecnológicas, surgiram novas versões do escambo que têm sido bastante utilizadas como formas de pagamento. Para exemplificar, temos o caso da empresa Argent Trading, no mercado há 50 anos, que se especializou em negociar ativos financeiros problemáticos, numa operação chamada bartering (permuta, escambo). Nessa operação, emite APCs - Asset Purchase Credit (crédito de compra de ativos), uma moeda própria que será utilizada na compra de novos ativos para a empresa que vendeu ativos parados, como inventários excedentes, linhas de produtos descontinuados, mercadorias sazonais, pedidos cancelados, bens de capital, capacidades ociosas, equipamentos industriais, veículos de locomoção e transporte, imóveis, contas a receber de giro lento, etc. A operação mais conhecida dessa empresa no Brasil aconteceu quando da compra da Kolynos pela Colgate, que lançou o creme dental Sorriso com os mesmos traços da marca Kolynos. Na ocasião, os órgãos de defesa do consumidor apreenderam os estoques do produto, 23 milhões de tubos de creme dental. A Argent Trading os adquiriu e revendeu, com permissão da Colgate internacional, em países como Turquia, Rússia, Egito e Taiti. O pagamento foi feito com matéria-prima, transporte e embalagens.

Alguns definem esse tipo de operação como “trading multilateral”, e são muitos os exemplos de operações semelhantes que economizam impostos, tarifas de câmbio e outros custos indiretos, minimizando perdas e melhorando a rentabilidade dos negócios. Nesse tópico, a lista de exemplos é extensa. Temos, para citar mais um, as comunidades em geral que criam moeda própria (pode até ser sob a forma de cédulas) como créditos que permitem a permuta de serviços (consulta médica em troca de serviços de eletricista) ou permuta de mercadorias por serviços (um frango ou leitão por uma consulta médica).



Formas futuras de pagamento

Para concluir este artigo, fazemos um exercício de imaginação, listando algumas possíveis formas futuras de moeda:

• Moeda Informação – informação organizada e analisada tem cada vez mais valor para os países e empresas.

• Moeda Energia – a grande maioria das tecnologias depende da geração de energia.

• Moeda Água – bem essencial para nossa sobrevivência. Haverá suficiente para todos?

• Moeda Tempo – o tempo está cada vez mais escasso. A tendência é desenvolvermos formas de economizá-lo ou de utilizá-lo como moeda negociável.

• Moeda Ar – o ar que respiramos virou moeda considerando os créditos de carbono que são negociados e as iniciativas das empresas poluentes em pagar para resgatar sua credibilidade e responsabilidade social. Trocas nessa área podem começar a ser exigidas pelos órgãos reguladores e incentivos, oferecidos para aumentar a sua aplicação.

• Moeda Órgãos – embora este seja um comércio proibido, a fila para receber doação de órgãos, células e tecidos humanos é um exemplo de negociações que podem ser realizadas para salvar vidas.

As mudanças nas formas e nos meios de pagamento buscam facilitar a vida das pessoas, aumentar a segurança e diminuir os custos das transações, além de garantir liquidez às operações. A unificação das moedas nos grandes blocos econômicos é um exemplo dessa preocupação.

É interessante observar que, apesar das mudanças acontecidas nos meios de pagamento por conta da tecnologia da informação, o escambo, primeira forma de troca comercial estabelecida nas sociedades chamadas primitivas, é hoje uma prática comum no mundo globalizado e tende a aumentar, se levarmos em consideração os ciclos da economia internacional.



Paulo Mauger

Graduado em Administração pela UNB, Mestre em Ciências de Administração de Empresas, Especialista em Finanças Públicas pela COPPEAD/UFRJ. É coordenador da disciplina Mercado de Capitais da Faculdade AIEC e diretor de Administração da Escola Superior de Administração Fazendária ESAF do Ministério da Fazenda.

domingo, 3 de janeiro de 2010

A corrida contra o Tempo

A corrida contra o Tempo
Hoje, uma das características marcantes nas pessoas é o imediatismo. Todos têm pressa. Pressa de ficar rico, de adquirir coisas, de realizar seus sonhos, pressa de viver. Parece que até o tempo está com pressa.
Lembro-me da minha infância em uma cidade pequena do interior de Minas Gerais, sem televisão, sem internet, sem condução (só passava o trem duas vezes por dia em direções opostas). As notícias vinham do Rio de Janeiro, através de O Jornal, e chegavam com dois ou três dias de atraso. A vida caminhava pachorrenta, sem pressa de passar...
Parece que o tempo rendia mais. Meu pai tinha padaria e trabalhava durante o dia e de madrugada também. Durante o dia ele negociava, conversava com amigos, brincava com os filhos e rachava lenha, para aquecer o forno; amassava 120 a 180 kg de farinha manualmente, e de madrugada ele cilindrava a massa manualmente e ainda tinha que encher a caixa d'agua com uma bomba que ele manejava também manualmente. As 5 h da manhã os pães já estavam sendo distribuidos nas janelas e a padaria estava recebendo os primeiros fregueses. Meus irmãos, a partir dos doze anos, ajudavam nas tarefas pesadas e atendiam no balcão; nós, as mulheres, fazíamos, pudins, bolos e todo o tipo de quitutes para vender e também atendíamos no balcão. Minha mãe subia e descia as escadas para assar os quitutes o dia todo. Mas parecia não ter pressa...
Éramos uma família com tempo para conversar, para receber amigos, para passear, para brincar, para ler, para estudar, para adorar a Deus, tínhamos culto doméstico todos os dias, impreterivelmente. Íamos ao culto durante a semana, e, aos domingos de manhã, lembro-me de meu pai de braços dados com minha mãe, caminhando para a Escola Bíblica Dominical, e a gente correndo e saltitando em volta deles. Havia uma regra lá em casa: quem não fosse à Escola Dominical, também não podia passear naquele dia de domingo.
Durante o culto papai ficava nos observando e se conversássemos durante o culto, quando chegávamos em casa ele perguntava sobre os textos bíblicos estudados e se não soubéssemos responder ele dizia: Viu? Estava conversando...
Papai gostava de conversar e era muito aberto para nosso tempo... Gostava que o obedecêssemos por respeito e entendimento. Ele nunca esperou uma obediência cega.
Hoje fico me perguntando. Por que com todos os recursos que temos hoje, nosso tempo nunca é suficiente? Estamos sempre correndo atrás do tempo...
Com um simples telefonema a gente compra, vende e gerencia. Com um simples telefonema cumprimos nosso papel social de cumprimentar as pessoas nas datas especiais, e de "visitá-las" por telefone.
No mundo globalizado as distâncias tornam-se pequenas. Com um simples toque no computador vemos e conversamos com pessoas do outro lado do mundo. Temos condução para todo o lado. E lá na roça, nos lugares mais afastados, as pessoas têm celular, televisão e até internet.
Por que será então que os pais não têm tempo para ensinar os filhos? Por que não temos tempo para curtir nossas relações afetivas? Por que é tão difícil conseguir tempo para o culto doméstico? Por que não temos tempo para a contemplação? Por que nos perdemos das pessoas por falta de tempo?
Isto me faz ter "saudade" da eternidade, quando não seremos mais limitados ou delimitados pelo tempo.
Enquanto escrevo fico pensando se as pessoas terão tempo de ler este texto. Mas se você chegou até o final da leitura, devo dizer que esta preocupação com o tempo, não é inédita e nem atual. Olhando para a Bíblia posso perceber que nossas prioridades é que determinam a qualidade e a rapidez do nosso tempo. Para Habacuque essa correria desenfreada é vã. (Habacuque 2:13) - "Porventura não vem do SENHOR dos Exércitos que os povos trabalhem pelo fogo e os homens se cansem em vão? "
Para o pregador em Eclesiastes, "TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu". (Eclesiastes 9:11) - "Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos. ".
O tempo e a oportunidade de amar, de criar laços familiares fortes, de servir, de adorar a Deus, de viver em boas obras. Nada, nem os recursos tecnológicos podem nos roubar o tempo de ver nossos filhos crescerem, de curtir nossos relacionamentos afetivos, de parar e contemplar as obras de nosso Deus.

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