sábado, 27 de março de 2010

“Igreja a partir das bases”

“Igreja a partir das bases”
Dois modos diferentes de ser Igreja a partir das bases são apresentados nos artigos a seguir. São duas experiências diferentes, mas complementares, uma nas Américas: “Igrejas Orgânicas” estão ganhando aceitação entre os hispânicos, e outra em Milão: “Quando um padre se mobiliza realmente, os fiéis o seguem com alegria”
Vale conferir.


“Igrejas Orgânicas” estão ganhando aceitação entre os hispânicos

Um número significativo de hispânicos abandonou as suas igrejas tradicionais para aderir à chamada “igrejas orgânicas”, que normalmente se reúnem em casas particulares e em que não há nenhuma liderança formal.

“Uma grande porcentagem dos Latinos e Afro-americanos são atraídos para essas igrejas orgânicas não só nos E.U. mas também na América Latina”, disse à Efe Frank Viola, autor de vários livros sobre o que ele denominou de “reforma radical” da Igreja .

Viola, que este ano irá realizar uma conferência no México sobre o tema e tem trabalhado com grupos na América Latina, é o fundador da Present Testimony Ministry, com sede em Gainesville, Flórida.

Viola define igreja orgânica como “um grupo de gente que aprende junta a viver a vida divina: é uma comunidade onde todos se conhecem e todos participam.

“A Igreja orgânica é a igreja que encontramos nas páginas do Novo Testamento. A igreja nas casas é simplesmente um grupo de cristãos que se reunem em alguma. Não são a mesma coisa.

A maior parte desses grupos nas casas não são orgânicos, de maneira alguma”, disse ele.

A igreja orgânica também se conhece como igreja simples, igreja livre, igreja da sala de estar, confraternidades, ou comunidades eclesiais de base, dentre outros nomes.

Esta “volta às origens”, disse Viola, significa que é “igreja orgânica não é nova nem é uma novidade, já que sempre houve cristãos que se reuniram fora das estruturas eclesiásticas institucionais”.

Para Viola, as igrejas orgânicos oferecem uma alternativa para um milhão de adultos cristãos que a cada ano deixam as igrejas tradicionais nos E.U. e para os 1.700 pastores deste país que, cada mês, abandonam os ministérios.

Segundo as estatísticas do Grupo Barna, nos E.U. haveria pelo menos 30.000 grupos de igreja orgânica, e o número provavelmente chegaria a um milhão na América Latina.

Stan Perea, um membro da mesa diretora da Associação para a Educação Teológica Hispana (AETH), que reúne mais de 1.200 U. S. teólogos latinos nos EEUU, afirmou que os Latinos se sentem atraídos para as igrejas orgânicas porque essas pequenas igrejas “restauram o senso de pertença e de orientação “.

“É triste que as igrejas tradicionais já não ajudem as pessoas a se conectarem com a vida. E é ainda mais triste que nos E.U. as igrejas se dediquem a ensinar aos imigrantes como serem individualistas, até ao ponto de ficarmos totalmente desligados”, disse Teria, que desde 1986 dirige um ministério cristão, em Dever.

Em Deve, Banca Ortiz, uma imigrante mexicana que se descreve como “uma cristã de toda a vida”, participa, desde o ano passado de uma igreja orgânica que se reúne na casa de uma amiga.

“Não existem líderes. É bem informal. Todos falamos, cara a cara, com todos. Todos participamos, apesar de virmos de igrejas e de países diferentes. Nós nos reunimos para celebrar. É verdade que deixamos as igrejas tradicionais, mas não deixamos a nossa fé”, disse Blanca.

Estas reuniões são simples e permitem partilhar tanto a comida como “as bênçãos materiais e espirituais”. Além disso, as crianças estão presentes em quase todas as atividades “, para mostrar como eles são importantes para nós.”

Para Ortiz, a igreja orgânica tem outra grande vantagem. “Já não recebo constantes chamadas lembrando-me que tenho de ir à igreja. Ninguém chama ninguém, mas sempre estamos todos lá, porque a igreja não é um edifício, mas um grupo de pessoas com uma fé comum”, concluiu ela.

Por: Francisco Miraval Denver, March 9 (AFP)
Tradução: João Tavares

“Quando um padre se mobiliza realmente, os fiéis o seguem com alegria”

“Os fiéis leigos, precisamente porque são membros da Igreja, têm a vocação e a missão de anunciar o Evangelho: para essa atividade estão capacitados e comprometidos pelos sacramentos da iniciação cristã e pelos dons do Espírito Santo”. João Paulo II

MILÃO, sexta-feira, 19 de março de 2010 (ZENIT.org).- Do dia 26 a 30 de maio, a paróquia Santo Eustorgio de Milão, na Itália, acolherá sacerdotes e leigos de diversos continentes para um seminário internacional sobre as células paroquiais de evangelização.

Esse sistema introduzido na Europa há 22 anos está em grande expansão atualmente no mundo.
O seminário prestará especial atenção ao compromisso do organismo internacional de serviço ao sistema das células paroquiais de evangelização, na difusão desse método nos países mais distantes da África até a China.
A iniciativa também propõe um simpósio internacional para sacerdotes, dia 27 de maio, sobre o tema “O sacerdote na nova evangelização”, assim como uma formação específica para os líderes dessas células, nos dias 28 e 29 de maio.
O seminário é voltado para todos os que desejam descobrir o método do padre Pigi, pároco da paróquia de Santo Eustorgio e presidente do organismo internacional das células.
Um sistema que tem sede na Europa e deve ter sua “durabilidade garantida”, segundo palavras do decreto de reconhecimento enviado oficialmente pela Santa Sé em maio do ano passado.
Esse reconhecimento é por um serviço que ajuda cada sacerdote a devolver uma consciência missionária aos fiéis de sua paróquia.
Padre Pigi está convencido de que “quando um pároco se mobiliza realmente, os fiéis o seguem com entusiasmo”.
Em uma entrevista com ZENIT, recorda os objetivos dessas células e mostra como este método, adaptado à vida paroquial, não para de despejar graças sobre paróquias dos cinco continentes, “prova viva de sua fecundidade”.

– No que consiste o seminário? Quais serão os pontos especialmente abordados?
– Pe. Pigi: No próximo seminário teremos um tema geral que tratará o compromisso do Organismo internacional de serviço do sistema de células paroquiais de evangelização, referente à difusão de nosso método de evangelização nos países mais distantes da África até a China. Apresentaremos o método de evangelização de oikos, que é a marca que difere nossa proposta em termos de evangelização.
A evangelização de oikos consiste em evangelizar os que se encontram habitualmente em sua vida cotidiana: familiares, amigos, companheiros de trabalho, vizinhos: eles são destinatários do anúncio do amor de Deus.
É por isso que podemos dizer que todos estão convidados a proclamar Jesus, não somente os consagrados, sacerdotes ou missionários, mas sim todos, animados pela força de seu batismo, receberam o grande mandato de Jesus de anunciar o amor de Deus.
Mas nunca houve evangelização de oikos possível sem a oração, porque a evangelização passa pela ação do Espírito Santo. Nós somos apenas simples instrumentos em suas mãos.
A evangelização é antes de tudo um compromisso de oração: por isso, em nossa comunidade de Santo Eustorgio, e eu diria que em quase todas as comunidades nas que estão presentes as células, há adoração eucarística.
Durante esse seminário, falaremos da função do Espírito Santo, porque, como escreveu o Papa Paulo VI em sua exortação apostólica Evangelii Nuntiandi no n° 75, “O Espírito Santo é o agente principal da evangelização: é ele quem leva cada um para proclamar o Evangelho e que, no fundo da consciência, faz aceitar e compreender a Palavra de salvação”.
Temos de educar aos fiéis leigos e talvez também os sacerdotes para que tenham vínculos familiares com o Espírito Santo, abrindo suas ações de forma discreta e poderosa.
As células de evangelização visam a revitalizar a paróquia, que descobrirá então sua verdade identidade e favorecerá a vocação missionária de todos os crentes, como nos sugere Paulo VI na Evangelii Nuntiandi no n° 14.
“Evangelizar é, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, sua identidade mais profunda. Ela existe para evangelizar”. afirma.
E João Paulo II na Christifideles Laici, no n° 33: “Os fiéis leigos, precisamente porque são membros da Igreja, têm a vocação e a missão de anunciar o Evangelho: para essa atividade estão capacitados e comprometidos pelos sacramentos da iniciação cristã e pelos dons do Espírito Santo”.
Reconhecendo essa responsabilidade, os leigos vão ser o fermento que transformará a face da paróquia. Mas tudo isso não será possível se o sacerdote, por sua vez, não se abrir definitivamente e firmemente ao que dá singularidade ao seu serviço sacerdotal, ao que dá uma profunda unidade às milhares de ocupações solicitadas dele ao longo de sua vida: anunciar o Evangelho de Deus e formar leigos evangelizadores.
É transformando-se em uma paróquia viva e evangelizadora que a paróquia mudará de rosto.

– Para quem é dirigido esse seminário e, qual é o fio condutor com o do ano passado?
– Pe. Pigi: O seminário se dirige a todos os sacerdotes que desejam transformar sua paróquia e também descobrir novos caminhos de evangelização, seguindo os ensinamentos do Papa.
Esses sacerdotes irão acompanhar diversos leigos de sua comunidade de forma que esse pequeno grupo que se formará possa representar uma força motriz no interior da paróquia.
Este ano abordaremos mais especificamente a formação dos que estão convidados a serem os “líderes” desses pequenos grupos que são células.

– O método das células de evangelização fará 1 ano em maio que foi reconhecido pela Santa Sé. Esse reconhecimento teve impacto sobre seu crescimento nesse ano e sobre a percepção que alguns poderiam ter desse método de evangelização?
– Pe. Pigi: Claro, muitos preconceitos desapareceram porque esse reconhecimento oficial, que não havíamos pedido, mas que o Conselho Pontífico para os Leigos nos ofereceu, qualifica-nos no plano das atividades da Igreja universal como tal, garantindo a ortodoxia do método sobre a base dos resultados espirituais e de difusão obtidos até agora.
Esse reconhecimento, que expressa a vontade da Igreja de que continue esse método, confirma o catolicismo e a validade pastoral de uma proposta capaz de renovar profundamente, e de uma visão missionária, às comunidades paroquiais.

– Há novas paróquias que decidiram, desde então, recorrer a esse método?
– Pe. Pigi: Sim, vemos, de fato, que centenas, talvez milhares, de paróquias no mundo adotaram com êxito este método de evangelização através das células.
No Decreto de reconhecimento, está escrito: “Isso porque a comunidade paroquial é o tecido eclesial no qual se integra o conjunto do sistema das células. Seu desenvolvimento em diversos países através do mundo demonstra a validade desse método, que contribui com a resposta do convite do Papa João Paulo II a uma “nova evangelização, nova em seu ardor, seus métodos e suas expressões” (Discurso à IXI Assembleia do Conselho Episcopal Latino-Americano, 9 de março de 1983).
Desde a apresentação do Decreto de Reconhecimento, obtido em 29 de maio de 2009, surgiram novas iniciativas em diversos países do mundo. Muitas comunidades nos convidaram para apresentar esse método e muitos sacerdotes e leigos estão vindo conhecer nossa realidade.
Temos vivido uma experiência importante e significativa com as comunidades chinesas que, através de ouvir falar desse método de evangelização no âmbito paroquial, vieram participar do Seminário Internacional do ano passado.
Também temos visitado as comunidades paroquiais do Brasil e da Venezuela, onde a experiência das células paroquiais está produzindo outras centenas de células.
No mês de janeiro de 2010, se reuniram em Santo Eustorgio os promotores de área, como são chamados os que se ocupam das células presentes nas diferentes regiões geográficas ou linguísticas do mundo.
Essa reunião foi uma oportunidade para colocar, online, o website internacional de células, que representa uma boa ferramenta de evangelização. Seu endereço é www.cells-evangelization.org.
O encontro também ofereceu formação da equipe internacional encarregada da formação de líderes e co-líderes.
Além disso, nos permitiu saber como e com qual amplitude as células se propagam pelo mundo.
Hoje mesmo eu conheci o nascimento de 17 células em uma paróquia da Letônia e fiquei sabendo que trinta pessoas dessa paróquia participarão do próximo seminário de 26 a 30 de maio.

– Quais são os países mais adeptos dessa diferente maneira de vida na paróquia?
– Pe. Pigi: Na França, Bélgica, Irlanda, Itália, Brasil, Venezuela, países da Europa Oriental, entre outros.
Em suma, onde a paróquia tende a adormecer, as células podem representar uma ocasião para renovar os sacerdotes e os fiéis leigos.

Fonte: http://www.zenit.org/article-24397?l=portuguese

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